COLONIZAÇÃO NO BRASIL - CERRADO: UM LEGADO DE DESTRUIÇÃO E EXPLORAÇÃO

Poliene Bicalho (2002) no texto “Habitar, ocupar e povoar - Os primeiros habitantes e povoadores de Goiás” nos traz uma frase bastante instigante e reflexiva: “Onde se vive, habita. Onde se ocupa, coloniza!” (p. 45). Isso nos leva a refletir acerca da colonização ocorrida no Brasil do século XV pelos portugueses, ocasionando a “descoberta” de uma nova terra para exploração. Ademais, quando os colonizadores chegaram no Brasil em 1500, já haviam povos originários aqui presentes. Povos esses que foram aniquilados, explorados e muitos deles extintos pelos colonizadores. Além do massacre dos povos originários, os recursos naturais foram explorados com peso pelos colonos. Um mix de destruição chegou aniquilando a “nova terra”. 

Em meados do século XVII com expedições das Bandeiras pelo território nacional, uma nova “mina de ouro” é “descoberta” pelos os colonizadores. Essa nova “mina de ouro” trata-se do Planalto Central Brasileiro, onde é localizado o sertão-cerrado ou a savana brasileira, mais conhecida apenas pelo bioma do Cerrado. Os bandeirantes chegaram nesta nova terra deixando traços de destruição por onde passavam. O Cerrado e os povos que aqui habitavam sofrem desde a chegada dos ocidentais. Destruição, aniquilação e exploração descontrolada dos recursos naturais e dos povos originários, fez com que, aquilo que um dia era livre de toda maldade causada pelas mãos dos homens “brancos” se tornasse cena de filme de terror para os nativos.

Em suma, o significado da reflexão provocada pelas palavras de Poliene Bicalho (2002) nos leva a confrontar a brutalidade da colonização no Brasil desde o contato inicial dos europeus com os povos indígenas até as expedições das Bandeiras durante o século XVII. Uma busca incessante por recursos levou a uma destruição sem limites – seja ela ambiental, cultural ou humana. A América do Sul era uma terra endênica e que foi transformada em um lugar repleto de horror e exploração sem limites. Este legado ecoa através do tempo até hoje: um lembrete claro de que ainda precisamos de abordar estas questões, uma vez que ainda não corrigimos os erros históricos onde a ganância camuflada sob o progresso deixou marcas indeléveis em paisagens já pintadas de vermelho com sangue e de preto com cinzas.

Referência: 

BICALHO, Poliene S. S. Habitar, ocupar e povoar: os primeiros habitantes e povoadores de Goiás. In: OLIVEIRA, Eliézer C.; COSTA, Thalles M. (org.). História. Goiânia: Ed. Goiás +300, 2022. 

Christyan Souza é graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás e

mestrando em Ciências Sociais e Humanidades pelo Programa de Pós-Graduação em

Territórios e Expressões Culturais do Cerrado, da Universidade Estadual de Goiás.